O local onde se encontrou vestígios mais antigos da produção de vinho foi na Geórgia, país da Antiga União Soviética. Alguns dizem que data de 7.000 anos antes de Cristo, outros são menos amplos e datam entre 5.000 e 8000 anos antes de Cristo.
No antigo testamento, Noé pousou a Arca da Aliança no Monte Ararat, na divisa da Arménia com a Turquia e isso diz o antigo testamento:
18Os filhos de Noé que saíram da arca foram Sem, Cam e Jafé. Cam é o pai de Canaã.
19Esses foram os três filhos de Noé; a partir deles toda a terra foi povoada.
20Noé, que era agricultor, foi o primeiro a plantar uma vinha.
21Bebeu do vinho, embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda.
18Os filhos de Noé que saíram da arca foram Sem, Cam e Jafé. Cam é o pai de Canaã.
19Esses foram os três filhos de Noé; a partir deles toda a terra foi povoada.
20Noé, que era agricultor, foi o primeiro a plantar uma vinha.
21Bebeu do vinho, embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda.
Coincidência ou não, vejamos onde fica a Geórgia e a divisa da Turquia com a Armenia.
Fato é que em determinado momento da humanidade o homem deixou de ser caçador e coletor e passou a ser gricultor e criador de rebanhos. E daí ele se fixou em algum território. Se fixando em algum território ele passou a guardar as coisas. E naquela época, a civilização era pouco evoluída, a maneira utilizada era jarros e ânforas de barro.
Em algum momento uvas amassadas foram esquecidas em um recipiente, elas fermentaram e causaram um efeito diferente...
Na Antiguidade Oriental
Por volta de 4000 anos antes de Cristo para uns, e entre 3000 e 1000 anos A.C. para outros, já há relatos e pinturas dos Fenícios e Egípcios comercializando. Ânforas com datas e nomes do responsável por fazer aquele vinho. Muitos documentos de como eram produzido bem como o tipo de uva.
A uva e seus efeitos davam fantasia aos consumidores que a elas atribuíam propriedades divinas, sendo utilizada em cerimônias religiosas e oferendas. O seu consumo era restrito e os Fenícios comercializavam na juntamente com o azeite de oliva para toda Europa Mediterrânea, quando em 2.000 a.C. a uva chega a Grécia.
A rainha Kauit do Egito, esposa de Mentuhotep II, bebe de uma taça
Na Antiguidade Clássica
Por volta de 1500 antes de Cristo, os gregos e os romanos fazem a videira se alastrar por toda Europa.
Na Grécia o vinho já tinha grande importância econômica, e já tinha até o Deus que eram associados às festividades e ao vinho, Dionísio e Baco. Dionísio na mitologia grega era o filho de Deus e associado à fertilidade. Baco era representante da sabedoria inebriante que era decorrente do vinho. A tradição oral e transmissão ao longo das gerações vulgarizou o título destes deuses gregos a serem deuses do vinho. Inclusive oinos (vocábulo próximo de palavra Dionisio) em grego significa vinho.
Nesta sociedade o vinho já era consumido por todas as classes e a importância econômica das videiras suplantou em muito a relevância dela no Egito.
Os Persas também plantavam e utilizavam vinho em grandes quantidades. Ele era utilizado na sociedade e distribuído aos soldados para terem mais coragem. O vinho inclusive era citado em trechos do código de Hamurabi.
Os gregos comercializaram o vinho por toda região mediterrânica, fundaram Marseille, se estabeleceram também na Córsega e este foi o primeiro contato das videiras com a França, penetrando pelo vale do Loire, Sena e Ródano.
Homero deixou escrito em alguns documentos como eram as características do vinho, descrevendo características dele.
Em 753 A.C. o Império Romano já dominava todo o Mediterrâneo, incluindo a Grécia.
No Império Romano levava um graveto de videira onde ele podia plantar onde ele ficasse e desenvolvesse uma família. Daí, temos o desenvolvimento em Portugal, Espanha, França e Alemanha.
O vinho tinha importância também religiosa. Ele era utilizado em rituais divinos e profanos e tinha também um Deus para o celebrar, Baco, herdado dos gregos.
Os Romanos forma os primeiros a utilizar as barricas de carvalho, que eles descobriram o uso com os celtas. O uso a priori era para armazenamento e transporte e só posteriormente eles descobriram a evolução do vinho na barrica.
Era Cristã
Durante o Império Romano, o vinho era muito citado no antigo e no novo testamento. No Novo Testamento, Jesus cita o mundo do vinho diversas vezes em seus diálogos e tinha papel na sociedade. Na última ceia ele transforma o vinho em sangue, deixando um legado para a cultura do vinho, pois ele passaria a ter também papel litúrgico.
Assim, ele foi adotado pela Igreja católica que teve papel protagonista na sociedade que veio suplantar a civilização Romana.
Idade Média
Na Idade Média, a Igreja e os monges têm importância total na explosão da qualidade do vinho. Além disso era mais seguro, por conta da peste negra. Ela matou 1/3 da população da Europa por conta da contaminação das águas por desconhecimento do manejo dela. Assim, era mais seguro beber vinho e cerveja para evitar a contaminação.
É conhecida também a evolução do vinho nos mosteiros na Borgonha e na região de Champagne e o papel de Dom Pérignon.
Ao final da Idade Média as Grandes Navegações eram sempre acompanhadas de vinho. Portugueses e Espanhóis levaram o vinho e gravetos de videira em todas suas navegações. Daí a produção de vinho no Chile e California. Posteriormente dissidentes Franceses perto da cidade do Cabo. E em um momento posterior também europeus levam também para a Austrália e Nova Zelândia.
Idade Moderna
Já na Idade Moderna, os ricos ingleses e franceses começam a se interessar mais pela bebida, nascendo a bolsa de Bordeaux onde era negociada a produção.
O Estudo sobre o vinho de Louis Pasteur (1822-1895) muda para sempre o conhecimento microbiológico do vinho com o maior conhecimento das leveduras, microrganismos e fermentação, contrapondo a ideia corrente da época de “geração espontânea”.
Utilizando-se do microscópio, Pasteur descobriu que o que estragava o vinho eram microrganismos, por isso teve a ideia de aquecer a bebida a uma determinada temperatura para salvar a produção da época e matá-los. Ele também descobriu que eram as leveduras que posteriormente transformavam o açúcar em álcool, compreendendo que tratava-se de um processo biológico e não químico.
Este processo de preservação e combate aos microrganismos que causam a decomposição do vinho passou em um determinado momento a ser feito com a utilização de dióxido de enxofre SO2 (os famosos sulfitos), que são compostos antibactericidas, antioxidante e anticéptico.
No século XIX, uma praga chamada Filoxera (ou Philloxera Vastatrix) destruiu 80% dos vinhedos europeus. Praga gerada por um pulgão amarelo vindo da América e que foi combatido com uma planta por meio da qual veio o mesmo veio. Ela foi utilizada com um enxerto para as videiras servindo de barreira para a praga.
O começo do século XX foi o começo da superação desta crise, mas as duas guerras mundiais afetaram a produção e o consumo e o preço dos vinhos caiu muito. Daí surgiu a tradição de guardar por longos períodos até o mercado de consumo voltar e se percebeu que o vinho poderia se tornar um produto mais macio e ideal.
Vinho no Brasil
O vinho chegou no Brasil pelo Portugueses na Capitania de São Vicente. Os primeiros relatos é de Brás Cubas que tentou plantar na baixada santista, o que não deu muito certo por não ser o clima apropriado. Posteriormente ele consegue algum êxito efêmero na região de Tatuapé na cidade de São Paulo, mas a produção é abandonada.
Com a colonização italiana na Serra Gaúcha e o influxo de colonos desta nacionalidade na região houve a criação das primeiras vinícolas em Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Flores da Cunha dentre outras cidades.
Durante muito tempo, a produção era de vinhos mais simples, de garrafão, primeiro para consumo próprio e posteriormente para comercialização com as aberturas das estradas ligando a região ao resto do Brasil.
As uvas eram já europeias víti viníferas trazidas pelas famílias italianas.
A evolução da produção foi organizada por um longo período proteção alfandegária com o surgimento de cooperativas de famílias onde o principal tipo de vinho era o simples de mesa até a abertura econômica de Fernando Collor (1990-1992) cujas mudanças trouxe o grande fluxo de novos vinhos com o surgimento de grandes importadoras.
Isso trouxe um choque no mercado produtor com a quebra de várias cooperativas. Diante da falta de alternativa às famílias produtoras para vender a uva para a cooperativas, estas famílias passam a organizar sua própria vinícola e produção, passando a estudar e se dedicar ao vinho de qualidade com uvas Víti viníferas.
A Embrapa tem papel importante na melhoria do conhecimento e domínio do conhecimento do mundo do vinho na formação de pessoas qualificadas e pesquisa das melhoras técnicas e práticas. O órgão inclusive tem um grande centro de pesquisa na cidade de Bento Gonçalves.
Há instalações de vinícolas também no interior de Santa Catarina (Videira) e São Paulo (Vinhedo), mas sem grande sucesso comercial e qualitativo já com uvas americanas, fazendo vinho de mesa.
Posteriormente, no começo do século XX, a região da Serra Catarinense começa receber novas instalações na região onde é hoje a cidade de São Joaquim.
Em outro momento, a região da Mantiqueira passa ter sucesso com o conhecimento da dupla poda na região de Andradas (MG) e Espírito Santo do Pinhal (SP), região montanhosa com ótimos solos de origem vulcânica.
E aí chegamos à data de hoje onde você lê este texto, abre um vinho e faz parte da história.
Gabriel Mozart é Sommelier WSET3, empresário, economista, jurista e geógrafo.
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