Catharina Sour: A Primeira Cerveja Brasileira a Ganhar o Mundo
A Catharina Sour, um estilo de cerveja que tem conquistado corações e paladares, representa não apenas um marco na história da cerveja artesanal brasileira, mas também um orgulho para toda a comunidade cervejeira nacional. Este estilo, oficialmente reconhecido pelo guia BJCP em 2018, foi objeto de estudo do Sommelier de Cervejas Rafael Eduardo Althoff no mesmo ano, consolidando-se como o primeiro estilo de cerveja genuinamente brasileiro. Vamos explorar a fascinante história e o processo de produção dessa cerveja única.
História da Catharina Sour:
A trajetória da Catharina Sour começa em 2014, quando algumas cervejarias de Santa Catarina começaram a experimentar com cervejas baseadas no estilo Berliner Weisse, adicionando frutas locais. O objetivo era criar receitas que refletissem a diversidade tropical do Brasil, adaptando-as ao clima quente do país.
Com o tempo, essas cervejas frutadas ganharam destaque em eventos cervejeiros e conquistaram muitos adeptos. Em 2016, a ACASC (Associação de Micro Cervejarias Artesanais de Santa Catarina) e várias cervejarias começaram a incentivar a produção desse estilo. Fernando Lapolli, um dos idealizadores, mencionou que a dificuldade de enquadrar a receita nos estilos existentes motivou a criação de um novo nome: Catharina Sour, em homenagem ao estado onde surgiu.
A popularidade da Catharina Sour cresceu rapidamente. Em 2018, ela foi incluída na lista de estilos oficiais do Concurso Brasileiro de Cervejas, o maior do país. Naquele ano, também foi destaque em outras competições, como a Copa da Cerveja POA, em Porto Alegre. A cerveja não só conquistou o Brasil, mas também atravessou fronteiras, sendo produzida pela cervejaria americana Farnham Ale & Lager, em Vermont.
Ingredientes e Produção:
A receita tradicional da Catharina Sour inclui:
40% a 60% de malte Pilsen e trigo (maltado ou não maltado). Pequenas proporções de aveia, cevada e centeio são aceitáveis.
Lúpulos de alto teor de alfa-ácidos.
Levedura da variedade Lactobacillus, preferencialmente neutra, para não contrapor os aromas e sabores da fruta.
Frutas tropicais adicionadas após a fermentação, para garantir características frescas.
A acidez típica da Catharina Sour é obtida pela ação de lactobacilos, que produzem ácido láctico. Essa acidez pode ser alcançada por métodos como acidificação mista, acidificação do mosto ou Kettle Sou
Características Sensoriais:
- Aparência:
A cor da Catharina Sour varia conforme a fruta utilizada, podendo ser turva. Apresenta boa formação de espuma, geralmente branca e de média persistência, sendo sempre efervescente.
- Sabor
O sabor é dominado pela acidez, que pode ser de média-baixa a alta. O sabor de trigo é presente em níveis baixos, e as características da fruta devem ser predominantes e naturais. Especiarias podem complementar o sabor, mas não devem sobrepor a fruta. Sabores de lúpulo, diacetil e notas acéticas não são aceitáveis. O final é azedo e frutado, deixando o palato limpo.
- Sensação de Boca
A sensação de boca é de corpo baixo a médio, com carbonatação de médio-alta a alta. A acidez é perceptível, mas não agressiva, proporcionando um leve repuxamento na boca. O álcool não deve ser perceptível.
- Aroma
O aroma da fruta utilizada é imediatamente evidente e facilmente reconhecível, acompanhado por uma acidez limpa no nariz. O malte pode estar presente em níveis baixos como apoio, sem caráter de lúpulo ou notas de fermento.
A Catharina Sour é um reflexo do movimento cervejeiro brasileiro, que busca inovar e criar estilos únicos. A adição de frutas tropicais e especiarias a um estilo europeu base resultou em uma cerveja que não se encaixava em nenhum estilo catalogado anteriormente. Hoje, a Catharina Sour é mais do que uma promessa: é um símbolo da criatividade e diversidade da cerveja artesanal brasileira, celebrada em competições nacionais e internacionais, e apreciada por amantes da cerveja em todo o mundo.