História do Vidro e do Cristal
História do Vidro e do Cristal
Conheça a evolução do vidro ao Cristal, uma jornada de 7 mil anos
O Vidro foi descoberto pelos fenícios há 7 mil anos atrás. O povo Fenício era comerciante e dominava o comércio do mediterrâneo à época. No contexto desta vida errante, eles aportavam e dormiam ora em barcos, ora em praias. Em uma destas paradas, voltando do Egito, na foz do Rio Belus (Na`aman River – hoje norte de Israel), eles estavam fazendo algum alimento em um forno de areia em cima de uma pedra calcária quando a areia derreteu. Aquela massa esfriou e o vidro foi descoberto.
As areias do Rio Belus também são citadas pelos escritores romanos Tácito e Plínio o Velho como local de referência para a fabricação de cristal.
Descoberta do Vidro pelos Fenícios.
Os fenícios nos contam que, quando voltaram do Egito para sua pátria, pararam nas margens do rio Belus e pousaram as mochilas, que estavam cheias de natrão (carbonato de sódio natural, que usavam para tingir a lã). Acenderam o fogo com lenha e usaram os pedaços mais grossos de natrão para sustentar as panelas onde deveriam assar os animais caçados. Eles comeram e deitaram, adormeceram e deixaram o fogo aceso. Quando acordaram, em vez das pedras de natrão, encontraram blocos brilhantes e transparentes que pareciam enormes joias. Um deles, o sábio Zelu, chefe da caravana, percebeu que sob os blocos de natrão a areia também havia desaparecido. O fogo foi reacendido e, à tarde, um rastro de um líquido vermelho e fumegante gotejou das cinzas. Antes que a areia brilhante se solidificasse, Zelu plastificou, com uma faca, aquele líquido e com ele formou uma bolha tão maravilhosa que arrancou gritos de espanto dos mercadores fenícios. O vidro estava descoberto.
Esta é uma das versões um tanto lendárias. Mas as notícias mais confiáveis indicam que o vidro surgiu há pelo menos 4.000 anos antes de Cristo. Acredita-se, no entanto, que os egípcios começaram a soprar vidros em 1.400 aC, dedicando-se sobretudo à produção de pequenos objetos artísticos e decorativos, muitas vezes confundidos com belas joias. Sua decomposição é de 4000 anos. Cada 1000 kg de vidro traz 1300 kg de areia.” (A origem do vidro – Tropic Encyclopedia)
No Egito antigo há diversos vestígios arqueológicos que mostram o domínio e uso do vidro pelos egípcios em período posterior. Acredita-se que o sopro do vidro começou no Egito e era feito por varas secas de bambu em 1.400 aC. A produção era dedicada à produção de pequenos objetos artísticos e decorativos, muitas vezes confundidos com belas jóias.
Ilustração egípcia mostrando o processo de sopro do vidro
A região onde era a Fenícia e o Egito foram invadidas pelos Romanos que dominaram a região, bem como partes enormes da Europa, África e Ásia, levando o domínio, conhecimento e promovendo um grande intercâmbio cultural durante os milhares de anos de dominação romana.
Os romanos não só difundiram o conhecimento do Vidro como tornaram Veneza referência na fabricação do material até que no Século XIII um grande incêndio na cidade provocado por um dos fornos de vidro fez com que a produção fosse transferida para uma ilha próxima chamada Murano. Já naquela época, Murano já conhecia técnicas de misturar materiais ao vidro para que ele ganhasse cores.
Na França, desde a época dos Romanos já havia a fabricação de Vidro. Louis XIV reuniu alguns mestres vidreiros e montou em 1665 a Le Compagnie de Glaces Saint Gobain, responsável pela produção dos vitrais do Palácio de Versailles.
Gallerie de Glaces – Palácio de Versailles – França
Processo de fabricação de vidros para janelas
No século XIII, durante a peste negra os rios da Europa estavam contaminados pela falta de higiene com a água. 30% da população europeia morreu. Por não entenderem o que se passava, as pessoas pararam de consumir água e começaram a consumir cerveja e vinho.
Por conta disso, eles começaram a se preocupar com técnicas para limpar o vidro para enxergar o que estavam tomando. Daí começa o processo químico de melhoria do cristal, onde eles começam a fazer testes com minerais que ajudaram a limpar o vidro.
No Século XVI, na Inglaterra anglicana nasce George Ravenscroft (1632-1683), um inglês católico que decide peregrinar a Roma. No caminho para a cidade santa, ele para em Veneza onde conhece os métodos utilizados em Murano e descobre que os venezianos sabiam que o óxido de chumbo limpava o vidro ao reagir com o óxido de ferro presente na areia.
Voltando a Londres, ele recebe do Rei a patente de explorar o invento por 5 anos e monta a primeira fábrica de cristal, a Ravenscroft.
Cálice com o brasão de armas de John III Sobieski e a cidade de Gdańsk pela vidraria de George Ravenscroft, gravado por Willem Mooleyser, 1677-1678, Museu Nacional de Varsóvia
Posteriormente, o produto se populariza e o Rei da França Louis XV cria a primeira fábrica francesa, a Saint Louis em 1586.
Pintura da Saint Louis Cristallerie por Édouard Pingret em 1836
Após ela, surgem várias outras como a Baccarat, Val Saint Lambert (Bélgica), Waterford (Irlanda), dentre outras.
Uma nota em especial vale acerca da produção Irlandesa que teve como gênese a produção inglesa de Ravenscroft. Após a pungência inicial o governo britânico em 1746 impôs pesados impostos. Em contrapartida, deu ao governo irlandês a isenção de impostos. Isso fez com que todos os trabalhadores e indústrias do setor mudassem para Dublin e Belfast, tendo as cidades de Waterford e Cork se especializado em cristais lapidados.
O cristal se diferencia do vidro pela fórmula. Para ser o produto considerado cristal ele tem de ter entre 18% e 24% de óxido de chumbo. O óxido de chumbo ele tem três propriedades. Ele dá brilho à peça, a torna mais ressonante no brindar e a torna mais incolor pois o óxido de ferro sintetiza o óxido de ferro presente na areia gerando a matéria do cristal a 1480ºC.
Na União Européia, o rótulo cristal é regulado pelo Conselho Diretivo 69/493/EEC, que define quatro categorias dependendo da composição química e propriedades do material. Apenas produtos que contém 24% de óxido de chumbo podem ser referenciados como “lead crystal”, produtos com menos do que este percentual são denominados cristalito (crystalline) ou vidro cristal (crystal glass).
Quando batido, o cristal de chumbo emite um som de toque, ao contrário dos vidros comuns. Os consumidores ainda contam com essa propriedade para distingui-la dos vidros mais baratos. Uma vez que os íons de potássio presentes na matéria estão mais fortemente ligados em uma matriz de chumbo-sílica do que em um vidro de cal sodada (usado na produção do vidro), o primeiro absorve mais energia quando atingido.